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De aliados a rivais: Trump e Elon Musk rompem com troca pública de insultos

O que parecia uma relação sólida entre Donald Trump e Elon Musk terminou em confusão pública nesta quinta-feira (5). Após uma saída discreta do governo, o bilionário dono da Tesla e o presidente dos EUA protagonizaram uma troca de farpas nas redes sociais, selando o rompimento da aliança que teve papel importante nas eleições de 2024.

O estopim da briga foi uma fala de Trump em evento na Casa Branca, em que demonstrou frustração com críticas feitas por Musk ao projeto de orçamento em tramitação no Congresso. Trump afirmou que Musk já sabia do projeto e disse duvidar de uma possível reconciliação: “Não sei se teremos uma boa relação como antes”.

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Musk reagiu na rede social X, negando ter sido informado e acusando Trump de ingratidão: “Sem mim, Trump teria perdido a eleição”. A resposta enfureceu o presidente, que, em sua própria rede, a Truth Social, ameaçou cortar contratos e subsídios federais às empresas de Musk, como Tesla e SpaceX. O bilionário não deixou barato: associou Trump ao escândalo de Jeffrey Epstein.

A escalada pública surpreendeu, já que até poucos dias atrás a relação era cordial, mesmo com divergências nos bastidores — especialmente em relação à política tarifária de Trump. Publicamente, os dois trocavam elogios, e Musk chegou a ser elogiado por seus “esforços” em reduzir gastos do governo.

Como chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), Musk prometeu cortes bilionários, mas os resultados ficaram muito abaixo do esperado. Ele estimava economizar US$ 2 trilhões, mas o governo contabilizou apenas US$ 175 bilhões — e os números auditados indicam que os cortes reais não passam de US$ 19 bilhões.

Mesmo assim, Musk se despediu afirmando que o DOGE estava apenas começando. Na prática, ele deixou o cargo dois dias antes do limite legal e sem uma conversa final com Trump.

Do casamento ao divórcio

A relação entre Musk e Trump se intensificou após as eleições. Musk, inicialmente relutante, acabou se tornando um dos principais financiadores da campanha republicana em 2024, investindo mais de US$ 300 milhões. Após a vitória, foi nomeado chefe do DOGE e ganhou carta branca para promover reformas profundas no governo.

Durante os primeiros meses, Musk participou ativamente de eventos com Trump, virou figura central entre os republicanos e se envolveu em polêmicas — como divulgar fake news contra Kamala Harris e ameaçar senadores contrários aos indicados do presidente.

Mas as divergências começaram a aparecer em abril, quando Musk criticou o plano tarifário do governo e o então assessor Peter Navarro. Seu irmão, Kimbal Musk, também entrou na briga, chamando Trump de “presidente dos impostos altos”.

Nos bastidores, o círculo de Trump já o via como um incômodo: imprevisível, midiático e com ambições políticas próprias. A saída de Musk, embora negada por ambos inicialmente, foi sendo aceita aos poucos por ambos os lados.

No fim, o rompimento foi selado com uma troca de ataques públicos — Trump chamando Musk de “louco” e o bilionário jogando seu peso midiático contra o presidente. Um final turbulento para uma parceria que já foi vista como estratégica para os rumos da política americana.