Como Reagan regularizou 3 milhões de imigrantes?
Em 1986, o então presidente Ronald Reagan sancionou a Lei de Reforma e Controle da Imigração (IRCA), que permitiu a regularização de cerca de 3 milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos. A medida buscava não apenas reforçar a segurança nas fronteiras e punir empregadores que contratassem trabalhadores sem documentos, mas também integrar milhões de pessoas que viviam “nas sombras” da sociedade americana. Reagan, que havia sido governador da Califórnia, reconhecia a importância da mão de obra imigrante e via a legalização como parte do legado humanitário e histórico de acolhimento dos EUA.

Apesar dos benefícios sociais e econômicos gerados pela regularização — como o aumento dos salários, o acesso à educação e o crescimento da economia local —, a IRCA falhou em conter, no longo prazo, a imigração ilegal. Isso ocorreu, em parte, porque a lei não criou novas vias legais de entrada no país para atender à crescente demanda por mão de obra. Especialistas apontam ainda que a fiscalização sobre os empregadores foi insuficiente, o que acabou direcionando as punições principalmente aos próprios imigrantes. Quase 40 anos depois, a reforma de Reagan ainda é lembrada como um marco — e um exemplo de como a combinação de legalização e oportunidades pode beneficiar um país inteiro.
Nos dias de hoje, com mais de 11 milhões de pessoas vivendo nos EUA sem status legal e diante de um sistema migratório cada vez mais pressionado, o debate sobre uma nova reforma voltou ao centro das atenções. Grupos pró-imigrantes, economistas e até empresários citam o impacto positivo da anistia de 1986 como argumento para a criação de soluções humanitárias e sustentáveis. A história mostra que regularizar não significa “premiar” a imigração ilegal, mas sim fortalecer a economia, valorizar o trabalho e promover dignidade a milhões de famílias.
Fonte: BBC News Brasil